As projeções eleitorais de 2016

Faltam quatro meses para a eleição presidencial americana. Ainda não sabemos quem serão os candidatos à vice-presidência dos dois maiores partidos. Bernie Sanders ainda não endossou Hillary Clinton oficialmente. Até mesmo uma revolta de parte dos republicanos com a intenção de desbancar Donald Trump na Convenção Nacional Republicana não está descartada. Mas já temos projeções com vários modelos e estilos para a eleição presidencial, com base nas pesquisas, na história eleitoral dos EUA e na demografia dos estados.

Vamos falar de duas delas, aquelas que acompanho com maior interesse, e de um site que permite aos usuários montar sua própria projeção. Outras projeções com métodos diferentes podem aparecer nas próximas semanas e devo comentá-las no Twitter.

FiveThirtyEight

A imagem que ilustra este post é uma fotografia do modelo de projeção do site FiveThirtyEight, do estatístico Nate Silver, tirada no domingo, dia 10 de julho. A cada nova pesquisa, o modelo é atualizado para refletir a nova informação. Uma equação matemática dá pesos diferentes às pesquisas de acordo com sua precisão no passado e trabalha de modo probabilístico. Em vez de estabelecer um limite de vantagem para “garantir” estados para os candidatos, o modelo trata cada disputa como uma probabilidade, e ao somá-las gera uma probabilidade geral após 20 mil simulações.

Como ainda há poucas pesquisas em alguns estados, a confiabilidade do modelo hoje é muito menor do que deverá ser faltando um mês ou menos para a eleição. Em 2012, Nate Silver acertou o resultado dos 50 estados com seu modelo, apesar de inúmeras críticas – comentaristas apostavam que a corrida entre Obama e Romney estava muito mais próxima do que realmente acabou sendo.

Desta vez, Silver criou duas novas versões do modelo para exibição: uma que leva em conta índices econômicos e outra que simula a eleição se ela fosse hoje. As diferenças entre os resultados no momento não parecem grandes, mas se a diferença entre Trump e Clinton se estreitar isso deve mudar com o tempo.

Explorar o modelo pode ser muito divertido, analisando cada estado individualmente. Nota-se que alguns estados tradicionalmente republicanos não têm sido bons para Trump, como Carolina do Sul, Georgia e Arizona. Por outro lado, Hillary parece um pouco mais vulnerável no Meio-Oeste industrial do que foi Obama em 2008 e 2012, especialmente em Ohio.

Sabato’s Crystal Ball

O cientista político da Universidade de Virginia, Larry Sabato, é um comentarista bastante respeitado sobre eleições americanas. Seu time de análise eleitoral se dedica a avaliar as chances não apenas da eleição presidencial, mas das estaduais e distritais. O modelo analítico de Sabato é muito mais qualitativo do que o de Nate Silver, todo baseado em valores mensuráveis.

Se por um lado modelos estatísticos tendem a reduzir o viés humano, que procura padrões onde estes provavelmente não existem e acaba sendo mais conservador e sujeito a erros, por outro podem perder de vista questões políticas difíceis de mensurar, como o histórico dos eleitorados estaduais e fatores de campanha. Sabato prefere portanto uma mescla entre análise de dados e avaliação mais tradicional.

Sua projeção estabelece que alguns estados são “seguros” para um dos lados, enquanto outros são “prováveis” e outros “tendem” a um partido ou outro. Com isso, torna-se natural se concentrar nos estados em que existe maior chance de o resultado se inverter, ignorando os estados seguros – que é a estratégia natural das campanhas ao lidar com seus recursos, especialmente comerciais de TV.

Assim como o modelo de Nate Silver, o mapa eleitoral de Sabato dá favoritismo claro a Hillary Clinton, mas com espaço para Trump incomodar e eventualmente virar o jogo. Se confirmada a vitória dos democratas nos estados marcados como azuis por Sabato, a única diferença entre a eleição de 2012 seria a vitória na Carolina do Norte, que Obama venceu em 2008 mas perdeu para Romney em 2012.

Vale a pena analisar também as projeções de Sabato para as corridas para os governos estaduais e para o Senado. Estas em particular são importantes, devido à grande chance de que os democratas retomem o controle da Câmara Alta a partir de 2017 caso os estados mais disputados favoreçam o partido de Clinton.

270ToWin

O site 270ToWin oferece um mapa interativo. Nele você pode fazer a sua versão de quais estados votarão a favor dos democratas ou dos republicanos, além de testar outras projeções.

Um exemplo importante é o histórico. Se você selecionar a opção “Same Since 2000” terá marcados no mapa os estados que votaram no mesmo partido nas últimas quatro eleições. Isso demonstra a vantagem presumida dos democratas nos últimos anos: 242 votos no Colégio Eleitoral contra 179 dos republicanos.

Ou seja: se Clinton vencer nos estados em que Al Gore, Kerry e Obama venceram sempre, precisará de apenas mais 28 votos no Colégio Eleitoral para vencer a presidência. Trump, por sua vez, precisa de mais 91. A maioria dos estados não marcados hoje dá boa vantagem para Clinton nas pesquisas.

Outro exemplo é o mapa “2016 Toss-Up”, que simula a corrida presidencial se os candidatos estiverem tecnicamente empatados nas pesquisas nacionais. A vantagem dos democratas diminui, mas os estados que ficam em branco e, em teoria, podem ir para qualquer um dos lados são estados em que o eleitorado democrata tem crescido, como Virginia, Nevada e Colorado.

Neste link você pode ver minha aposta atual para o Colégio Eleitoral em novembro. Muito provavelmente acertarei mais da metade dos estados, mas isso é fácil: a maioria está bem definida. Os estados que estão com tons mais claros de azul ou vermelho indicam minha incerteza quanto ao seu resultado.

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