Ontem foram realizadas as últimas primárias do Partido Republicano, e quase últimas do Partido Democrata (a capital do país, Washington, D.C., fará sua escolha entre Clinton e Sanders no dia 14). Donald Trump venceu tranquilamente, embora mais ou menos um quarto dos votos de ontem ainda tenha sido para outros candidatos republicanos que já desistiram. Enquanto isso, Hillary Clinton garantiu matematicamente sua vitória na corrida pela nomeação democrata e tornou-se a primeira mulher escolhida por um dos dois grandes partidos para concorrer à Casa Branca.
O maior estado do país, a Califórnia, votou ontem e provavelmente deu a vitória para Hillary Clinton. A contagem ainda não acabou, mas provavelmente a ex-secretária de Estado terá muito mais delegados no estado de Los Angeles e San Diego. Outras vitórias de Hillary foram em Nova Jersey, no Novo México e na Dakota do Sul, enquanto Sanders venceu nos grandes, porém pouco povoados, estados de Montana e Dakota do Norte. O senador de Vermont terminará as primárias com aproximadamente 400 delegados a menos em relação a Clinton.
Se por um lado a campanha foi bastante surpreendente do lado republicano (a maioria esmagadora dos analistas não imaginava que Trump seria capaz de vencer, incluindo este blog), por outro transcorreu com alguma previsibilidade entre os democratas. O entusiasmo, especialmente de eleitores mais jovens, gerado por Bernie Sanders não deve ser tomado com leveza, mas não é a primeira vez que democratas experimentam a ascensão inesperada de um candidato “diferente”. O mais recente deles se tornou o 44º presidente dos EUA.
E é Barack Obama a maior esperança dos democratas para resolver questões inacabadas dessas primárias mais longas do que se esperava (muitos apostavam em um passeio de Hillary antes do surgimento de Sanders). O presidente americano aceitou receber Sanders amanhã para tratar de assuntos políticos, provavelmente os termos pelos quais o senador pretende lidar com sua campanha daqui para a frente, considerando que Hillary deverá ter perto de 900 a 1000 delegados a mais na Convenção Nacional Democrata, contando os chamados superdelegados.
As chances de chegar à Casa Branca acabaram muito antes de ontem, entretanto. Aqui já mencionávamos a vantagem construída por Hillary no Sul, especialmente entre negros e hispânicos, desde a Super Tuesday. Resta saber como Sanders agirá diante do fim de partida inevitável. A promessa agora é seguir pressionando pela aceitação de parte de sua plataforma para a campanha nacional em troca de um eventual apoio à candidatura Clinton antes ou durante a Convenção. Diante da surpresa que foi Donald Trump assegurar apoio enorme no Partido Republicano após primárias muito agressivas, os democratas querem arrumar a própria casa o mais cedo possível.